SENSIBILIZACAO E EDUCACAO MUSICAL INCLUSIVA COM O I° CICLO INFANTIL:
INTRODUÇAO:
Conforme orientação da SMED, os Referenciais Curriculares para o I Ciclo foram pensados tendo em vista o desenvolvimento progressivo das competências e habilidades de apreciação, execução e composição.
Nesse sentido, além dos temas apontados para o estudo neste Ciclo, procurará enfocar aspectos básicos dos elementos da linguagem musical.
Cabe salientar que esse enfoque não pretende limitar a ação pedagógico-musical, pois outras competências e habilidades podem – e devem – ser desenvolvidas ao longo do trabalho educativo musical. Todavia, são apresentados os referidos enfoques, pois os mesmos se constituem fundamentais para a construção do pensamento musical.
Na Escola Especial, o I Ciclo de Formação se estende dos 5 aos 10 nos de idade. Em função da especificidade do trabalho com nossos alunos, estaremos trabalhando o conhecimento musical, articulando-o durante todo o I Ciclo, considerando o contexto, bem como as potencialidades dos alunos envolvidos, sem preocupar-nos em dividí-lo em três anos, como acontece nas outras escolas regulares do ensino fundamental.
Desta forma, serão desenvolvidas adaptações físicas, materiais e metodológicas sempre que necessário, de modo a garantir a plena acessibilidade dos alunos em todas as práticas de sensibilização e educação musical a que nos propomos.
SENSIBILIZAR E EDUCAR:
A introspecção, proposta pela direção subjetivista tradicional somente considera “as reações do homem contra o mundo”. Com estas noções de homem e mundo, nada podemos compreender sobre as condutas, se previamente não realizamos o exame das mesmas. Entretanto, quando se trata da vida emocional, é preciso assumir modos intencionais de compreensão, já que ela é uma forma organizada da existência humana.
A emoção é um modo de assumir esta realidade que se dirige comovida ao mundo. Por isso interessa particularmente o homem em situação, interrogar os fenômenos e contracenar com eles, porquanto são significações. A emoção não é um fato isolado e desordenado dentro da estrutura da personalidade, possui uma significação própria e não pode ser aprehendida sem a compreensão desta significação inseparável do homem total.
Ao falar de significação, devemos remeter a consciência entendida como consciência comovida pela necessidade de uma significação interna. A primeira instancia a consciência emocional é irreflexiva e somente poderá alcançar lucidez sobre si em um modo não posicional, mas como consciência de mundo.
Ao se comover, se estabelece um enlace entre o sujeito comovido e o objeto inerente a comoção, segundo uma maneira de aprehender o mundo. Ao buscar a solução de um problema prático, por exemplo, se está operando uma reiterada captação do mundo. O fracasso por não alcançar esta solução, resulta irritação. Esta irritação expressa uma forma de aparição do mundo. Não se trata de uma consciência reflexiva, mas de uma transformação onde tem lugar o surgimento de uma toma de consciência da consciencia emocionada, o que significa um transcender de si e a captação de qualidades. Mas alem de um projeção de significações, se vive este mundo constituído, se vive diretamente, em função de novas qualidades.
A emoção consiste em uma degradação espontânea da consciência ante o mundo, é uma situação vivida e, portanto compromete a totalidade do sujeito. O degradar-se no “mágico” e assim, produzir a vivencia de novas qualidades, sinaliza que o fenômeno “emoção” é uma forma de existir da consciência em seu ser no mundo.
A imagem é uma certa maneira que tem o objeto de aparecer para a consciência. A imagem é um fenômeno de quase-observação, sendo preciso esclarecer aqui no que é observar, pensar e imaginar, termos que correspondem a função perceptiva conceptualizadora e imaginante.
Educação musical Infantil, diz respeito a tudo que esteja relacionado ao acesso e a construção do conhecimento musical com crianças.
APRECIAR - EXPERIMENTAR/EXECUTAR - IMPROVISAR/ COMPOR/INTERPRETAR.
Estas sao os principais aspectos que envolvem a Educação Musical Escolar.
SENSIBILIZAÇÃO E EDUCAÇÃO MUSICAL INFANTIL 2011
Em suas origens, a percepção se constitui em uma experiência pré-objetiva, pré-consciente e pré-pessoal.
O sujeito da sensação não é um puro ente intelectual que aprehende uma qualidade. A sensação expressa uma comunhão com o mundo, onde livramos uma parte de nosso corpo ou o corpo inteiro.
O estímulo somente se converte em tal, depois desta sincronização (corpo-mundo), antes desta fusão, o estímulo se constitui uma vaga “solicitação”.
Admitindo que sensação expressa uma comunhão com o mundo e uma adesão total do corpo, podemos aceitar que os sentidos se comunicam e se integram. Cada sentido possui uma vocação de totalidade.
Podemos perceber de diferentes formas um determinado estímulo. Somos capazes de perceber um estímulo auditivo, por exemplo, com as mãos. Podemos desenvolver sensações visuais, a partir de determinadas sonoridades e de forma semelhante, logramos desenvolver percepções de tempo e espaço mediante estímulos musicais, ainda que tenha o corpo limitado por uma paralisia.
Acreditamos que condição de totalidade de todo o ser humano é que afiança a construção e a transmissão de seus conhecimentos, por sua ação-reflexão, seus modos de significação compartilhados social e historicamente.
Mais que proporcionar sensações, sensibilizar é emocionar.
Emocionar-se é fazer parte do percebido, captando algo ali que nos afeta, algo que nos faz sentido.
Emoção, mais do que abstração, é experiência, é ação, é o que nos faz mover.
A percepção apresenta uma dimensão ativa e constitutiva. Existe uma corporalidade da consciência, assim como uma intencionalidade corporal. O próprio corpo se projeta no mundo com a intenção de expressar-se e, conjuntamente, a consciência, não existindo como uma estrutura terminada e fechada, constantemente se corporifica e atualiza, não como uma subjetividade intelectual, mas como uma subjetividade corporal-intencional.
Assim se outorga ao corpo a reflexividade até então compreendida como faculdade intelectual.
Percepção e consciência da percepção se referem a um único movimento, onde o corpo desempenha um papel central.
ACESSIBILIDADE:
O Decreto Federal nº5296 de 2 de dezembro de 2004, garantindo a acessibilidade em todos os âmbitos, define em seu artigo 8º o que é acessibilidade, ajudas técnicas e desenho universal:
. Acessibilidade: “Condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificaçoes, dos serviços de transporte, e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e infomaçao, por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, (...)”
. Ajudas Técnicas: “Os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida, (...)”
· Desenho Universal: “Concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas com diferentes características antropométricas e sensoriais de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõe a acessibilidade.
O conceito de Acessibilidade se ampliou na atualidade, relacionando-se ao compromisso com a melhoria da qualidade de vida de todas as pessoas. Para que a escola, assim como toda a sociedade, seja efetivamente inclusiva, seis dimensões de acessibilidade deverão ser atendidas:
1. Arquitetônicas: Elimina barreiras nos ambientes físicos internos e externos, transito e transporte;
2. Comunicacionais: Transpõe obstáculos em todos os âmbitos de comunicação (falada, escrita, gestual, língua de sinais, digital, entre outras);
3. Metodológica: Facilita o acesso ao conteúdo programático oferecido pela escola, ampliando estratégias para ação na comunidade e na família favorecendo a inclusao;
4. Instrumental: possibilita a acessibilidade em todos os instrumentos, utensílios e equipamentos, utilizados na escola, nas atividades de vida diária, no lazer e recreação.
5. Programática: combate a discriminação e o preconceito em todas as normas, programas, legislação em geral que impeçam o acesso a todos os recursos oferecidos pela sociedade, promovendo a inclusão e a equiparação de oportunidades;
6. Atitudinal: Extingue todos os tipos de atitudes preconceituosas que impeçam o pleno desenvolvimento das potencialidades das pessoas com deficiência.
Dentro do âmbito escolar, devemos destacar os aspectos instrumentais e comunicacionais, considerando a participação plena de todas as pessoas deficientes, mediante oferta de recursos e o desenvolvimento de estratégias que garantam acesso e permanência em todo o contexto escolar.
Para contemplar estes aspectos, utilizamos o conceito de Tecnologia Assistiva, “área do conhecimento de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada a atividade e participação de pessoas com deficiências, incapacidade ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (CORDE - Comitê de Ajudas Técnicas da Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 2007).
· Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA): emgloba o uso de gestos, expressões faciais, símbolos gráficos, fotografias, desenhos, gravuras, linguagem alfabética, objetos reais, miniaturas, voz digitalizada, dentre outros, como meio de efetuar a comunicação face a face de indivíduos incapazes de utilizar a linguagem oral.
· Tecnologias de Informaçao e Comunicação (TICs): Informática educativa com adaptações físicas ou órteses; adaptações de hardwares e softwares de acessibilidade.
A norma internacional ISO 9999 define Tecnologia assistiva, também denominada Ajudas Técnicas, como:
“Qualquer produto, instrumentos, estratégia, serviço e prática, utilizado por pessoa com deficiência e pessoa idosa, especialmente produzido ou geralmente disponível para prevenir, compensar, aliviar ou neutralizar uma deficiência, incapacidade ou desvantagem e melhorar a autonomia e a qualidade de vida dos indivíduos. (ISO 9999)
ACESSIBILIDADE MUSICAL:
No I Ciclo – Infantil de nossa escola, trabalhamos com grupos diversificados de alunos. Este Ciclo desenvolve o Projeto de Integração, onde alunos da comunidade escolar com idade de 4 anos e 11 meses a 5 anos, ingressam à escola, participando durante todo o ano letivo nas atividades do ciclo, juntamente com as crianças da escola. Alem disto, alguns alunos matriculados na escola, alem da deficiência intelectual, apresentam:
· Deficiência visual: cegueira ou baixa visão;
· Deficiência física: paralisia cerebral atetoide, distonico, espastico, tetraplegia, diplegia, hemiplegia.
· Atraso e distúrbios de fala.
Considerando esta realidade, o trabalho de Sensibilização e Educação Musical reconhece a necessidade de adaptações, tanto instrumentais quanto comunicacionais, possibilitando o acesso ao conhecimento e o fazer musical a todos os alunos. Para tal, pretende ampliar cada vez mais a investigação quanto a utilização da Tecnologia Assistiva e a Comunicação alternativa no âmbito da Educação Musical, desde as de baixa até as de alta tecnologia.
BAIXA TECNOLOGIA:
· Engrossadores de baqueta com e sem velcro.
· Alongadores de baqueta.
· Conjunto de tambores de mesa (potes e latas);
· Conjuntos de tambores de chão (potes e latas).
· Flautas de embolo.
· Tampa da flauta doce.
· Pastas e cartões temáticos de comunicação.
· Cartões musicais analógicos.
· Cartões de figuras em alto relevo (tátil).
· Microfone a caixa de som.
ALTA TECNOLOGIA:
· Genvirtual, Zorelha outros softwares musicais livres.
· Gravador mp3.
· Sintetizadores e digitalizadores de som.
· Teclado virtual., teclado extendido.
. Acionadores.
BIBLIOGRAFIA:
MERLEAU-PONTY, M. (1996). Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1945).
SANTAROSA, Lucila (Org) & colaboradoras. Tecnologias Digitais Acessíveis, JSM Comunicacão Ltda. Porto Alegre, 2010.
SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. Trad. Alda de Oliveira e Cristina Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003.
Este blog pretende registrar o trabalho de Educação Musical Inclusiva construído desde o contexto de uma Escola Especial. 2004 - 2012 Coordenação Profa Sandra Ferreira.
TEXTOS E PLANOS 2004/2011:
A ALEGRIA DA MÚSICA.
SENSAÇÃO - PERCEPÇÃO - CONSCIENCIA CORPORAL E CORPO INTENCIONAL
Mais que captar sensações, perceber é emocionar-se.
Se emocionar é fazer parte do percebido, conectando algo ali que nos afeta. Algo que nos faz sentido.
Emoção, mais do que mera abstração, é experiência, é ação, é o que nos faz mover.
A percepção apresenta uma dimensão ativa. Percepção e consciência da percepção se referem a um único movimento, onde o corpo desempenha o papel central .
Sandra Ferreira
Reflexões sobre a Fenomenologia de Maurice Merleau Ponty
Se emocionar é fazer parte do percebido, conectando algo ali que nos afeta. Algo que nos faz sentido.
Emoção, mais do que mera abstração, é experiência, é ação, é o que nos faz mover.
A percepção apresenta uma dimensão ativa. Percepção e consciência da percepção se referem a um único movimento, onde o corpo desempenha o papel central .
Sandra Ferreira
Reflexões sobre a Fenomenologia de Maurice Merleau Ponty
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